do ÂściÂągnięcia - pobieranie - ebook - pdf - download
Podstrony
- Strona Główna
- Meg Cabot 1 800 JeśÂ›li W
- James Alan Gardner [League Of Peoples 04] Hunted
- Draconian Vampyrism 101
- 1036. McMahon Barbara Weekend nad oceanem
- Bunsch Karol PowieśÂ›ci piastowskie 09. PRZEKLśÂƒSTWO
- dorian gray
- Córy nocy Pisano Isabel
- 1014. Schield Cat MiśÂ‚osne porachunki
- Schoolland Ken Przygody Jonatana Poczciwego
- Chris Quinton Fox Hunt
- zanotowane.pl
- doc.pisz.pl
- pdf.pisz.pl
- yanielka.opx.pl
[ Pobierz całość w formacie PDF ]
a noção imediata que adquirimos ao ânimo de viver no outro. É esse o
fechamento do tempo , do ambiente humano, que confunde: uma
morbidez que suscita a ideia de doença. (Delouya, 2001, p.18)
Poderíamos, dessa forma, compreender que se o sujeito vivencia
sentimentos de natureza depressiva, nos é necessário suportar o silêncio
dominante e a recusa em falar, o que não necessariamente revela uma
condição patológica a ser imediatamente revertida ao contrário,
mediante uma verdadeira autorização do silêncio , proporcionada
76 LEANDRO ANSELMO TODESQUI TAVARES
pela escuta analítica, podemos abrir o caminho necessário para aces-
sar o inconsciente , haja vista, ainda, que esse posicionamento pode
representar uma genuína resistência perante os ideais de saúde
mental e bem-estar priorizados pelos discursos sociais que obede-
cem e forjam-se por meio da mesma lógica espetacular e consumista da
sociedade contemporânea:
A depressão assinala que não é para falar . O fechar-se, neste caso,
denota, paradoxalmente, uma abertura, em que algo se remaneja, se re-
ordena ou se recompõe. [...] Uma distensão ou abertura na estrutura do
conflito, que facilita a entrada de correntes pulsionais, em decorrência da
análise, clama por uma reconsideração, uma reorganização, o que torna
os momentos depressivos parecidos com o fechamento para balanço, ou
para reforma, dos estabelecimentos comerciais. (idem, p.88-9)
O momento depressivo pelo qual o sujeito vivencia mostra-se como
uma possibilidade e uma oportunidade singulares para a tarefa de saber-
de-si, o que, evidentemente, pode e deverá ser proporcionado mediante
um trabalho clínico em psicoterapia. A depressão, do mesmo modo que
a angústia, a ansiedade, o medo, o pânico, as fobias, as paixões enquanto
pathos de uma forma geral, o sentimento de mal-estar por vezes ine-
fável, enfim, indica em última instância que algo no sujeito clama por
uma possibilidade de elaboração subjetiva e compreensão interna.
Sabemos, hoje em dia, que os manuais de Psiquiatria catalogam
e renomeiam diversas categorias de sentimentos, afetos e humores,
forjando entidades e quadros psicopatológicos em suas variadas com-
binações com base em uma leitura sintomatológica sobre o indivíduo.
Tal método, enquanto norte para formulações diagnósticas, só acaba
desconsiderando toda a dimensão subjetiva das sensações físicas apa-
rentes, implicando então em uma classificação do sujeito, ao mesmo
tempo em que o marca com o rótulo psicopatológico.
Já de um ponto de vista da psicanálise acerca do fenômeno depres-
sivo, podemos configurar outra espécie e natureza de entendimento
no que se refere à depressão.
Ao ponderarmos o curso de desenvolvimento da criança desde o
nascimento, bem como todo o desenvolvimento e a estruturação do
A DEPRESSÃO COMO MAL-ESTAR CONTEMPORÂNEO 77
psiquismo, podemos compreender por que o desamparo e seu correla-
to, a angústia, são afetos primordiais que marcam a psique desde sua
origem. No início, antes da separação entre o eu e o mundo externo, a
ilusão de completude e unificação devido à indiferenciação eu-outro
caracteriza um momento mítico da subjetividade. Correspondente ao
narcisismo primário, esse momento é permeado por sentimentos de oni-
potência por parte da criança, uma vez que esta vivencia a ilusão mítica
de satisfação total das pulsões. Progressivamente, a alternância do seio
materno, bem como as idas e vindas desse grande outro (a mãe), vai
frustrando o pequeno infante no que tange às demandas por satisfação
imediata de suas necessidades. A ausência materna no momento exato
da demanda infantil abre espaço para o registro da perda, que se viabiliza
por meio dos sentimentos de frustração, como também possibilita, por
esse viés, a diferenciação do eu-mundo externo. Em suma, funda-se o
psiquismo por meio da dimensão de alteridade. A partir de então, toda
busca por determinado objeto de satisfação é, na verdade, a tentativa
de (re)encontrar tal objeto, a saber, o objeto primordial perdido para
sempre e que de fato nunca existiu, a não ser por intermédio de um
registro narcísico. Esse objeto primordial forjado imaginariamente em
um período precoce antecedente à clivagem consciente/inconsciente
(recalque primário) subsiste posteriormente à separação eu-outro, cons-
tituindo um registro imaginário (narcísico) de uma possível sensação de
completude ilusória. Esse resto que permanece, apesar da separação, e
que impele o sujeito em sua eterna tentativa de o (re)encontrar, Lacan
o define como o objeto-a causa do desejo.
O sentimento de ter perdido o objeto ou aspectos dele, e a resignação
diante desta perda, à medida que a criança não é capaz de restaurar o
objeto dentro de si, marca o nascimento do afeto depressivo, assim como
o da instalação da sensibilidade depressiva. A superação ou a vulnerabi-
lidade a esse estado dependerão, em primeiro lugar, do objeto da sua
disponibilidade para com a criança desde os primeiros momentos da vida
e, consequentemente, do trabalho de luto. O afeto depressivo situa-se,
então, nesse ponto central de transição, constitutivo do psiquismo, em
que a abdicação narcísica, da onipotência e da fusão, se faz necessária.
(idem, p.37)
78 LEANDRO ANSELMO TODESQUI TAVARES
Temos então que é somente por meio da perda que o sujeito pode
advir enquanto tal, ou seja, só assim é possível constituir-se a subje-
tividade marcada pela alteridade, o que posteriormente possibilitará
a formação do ego. A perda, sentida como desamparo pela criança
provocando-lhe angústia , marca a ruptura do circuito de gozo narcí-
sico, correspondente à relação estabelecida com o objeto primordial: o
objeto-a. A depressão refere-se, portanto, não a uma perda do objeto,
como totalidade perceptivelmente configurada, mas à perda de um
espaço de gozo (idem, p.41).
A perda de um espaço de gozo inevitavelmente remete ao campo
circunscrito e caracterizado pelo registro da falta, perda que se confi-
gura como falta, esta como fundante do psiquismo e como precondição
para a existência e manifestação do desejo. Sentir, ou pré-sentir subje-
tivamente a dimensão da falta, é sempre uma percepção angustiante
para o sujeito, na medida em que evidencia a castração, no sentido
de que pela revivência do registro da perda primordial o sentimento
nostálgico para com o paraíso perdido é também revivido. Esse
sentimento nostálgico , evidenciado pela dimensão do vazio, é o
fenômeno psicológico depressivo propriamente dito.
A depressão pode ao mesmo tempo ser comparada (ou mesmo assimi-
lada) a um trabalho de luto e ser concebida como uma organização narcísica
primária protetora de um luto e defensiva contra um luto. Esses aspectos
aparentemente contraditórios fazem a complexidade do fenômeno
depressivo. (Fédida, 1999, p.23)
Desta forma, segundo Fédida (idem), considerarmos a depressão
como uma organização narcísica primária defensiva contra o luto, ape-
sar de ser uma afirmação aparentemente contraditória, faz sentido ao
relacionarmos o mesmo fenômeno como expressão de uma espécie de
sentimento nostálgico com relação a um espaço de gozo ou como
tentativa de preservação desse paraíso perdido . Neste sentido, a
defesa contra o luto significa a própria dificuldade e/ou recusa
inconsciente em elaborar psiquicamente os registros da perda e da
falta. Ou ainda, seria mesmo a reação depressiva defensiva diante do
A DEPRESSÃO COMO MAL-ESTAR CONTEMPORÂNEO 79
vislumbre da castração-falta, uma vez que o sujeito depara-se com
sua condição de incompleto e faltante, com o vazio constitutivo de seu
próprio desejo e de seu próprio ser.
[ Pobierz całość w formacie PDF ]